O “regresso” dos Orelha Negra
Strobe
O concerto está marcado. Agora, cabe aos Orelha Negra fazerem o que sabem fazer tão bem.
Nem sequer preciso de recuar muito no tempo para contar a história desde o início. Corria o ano da graça de 2009 quando, disfarçados sob capas de vinis e pseudónimos criativos, Fred, Sam the Kid, João Gomes, Francisco Rebelo e Cruzfader decidiram juntar os trapinhos musicais num projeto com nome e identidade própria. Em singelos quatro anos, esta Orelha Negra deu ao mundo outros tantos discos e foi sucessivamente aclamada a cada edição. (Com toda a justiça, devo dizer.)
Orelha Negra - A Cura > youtu.be/S8id5ZuolFE
Depois dos samples de Jackson 5 de “Blessed”, o primeiro álbum de originais chegou-nos em 2010. Sem título, homónimo, à escolha do freguês. No ano seguinte, uma espécie de mixtape — de seu nome Mixtape, precisamente — apresentou remisturas e muitos convidados a dar voz aos instrumentais de Orelha Negra. Novo ano volvido, novo álbum de originais, novo Orelha Negra para nos escangalhar a biblioteca do iTunes a todos. E, claro, a respectiva Mixtape II, outro ano mais tarde.
Pelo meio, apostaram em força na vertente vídeo (incluindo a sempre infalível parceria com Vhils), deram vários concertos memoráveis e ainda agradeceram aos fãs do Alive, em 2011, com um outro disco, disponibilizado para download gratuito durante um curto período de tempo e apropriadamente — pelo menos, se não formos picuinhas com geografia municipal — intitulado Thk U Lisboa.
Orelha Negra - Throwback (Antena3) > youtu.be/bwkEIzgeNao
Talvez esta abundância editorial dos primeiros tempos tenha ajudado à perceção de que os Orelha Negra, juntamente com a sua aura de empreendimento megalómano e potencialmente efémero, haviam desaparecido entretanto. Na verdade, passaram apenas dois anos desde o mítico concerto com orquestra no Sudoeste, enquanto há por aí muito boas bandas — cujos elementos não se espraiam por cerca de 176.492 projetos musicais paralelos — a fazer intervalos bem maiores entre lançamentos sem levantar suspeitas.
(A propósito, Puto Samuel, esse Beats Vol. 2 sai ou não sai?)
Quatro anos depois, o quinteto-maravilha do mais espetacular acidente em cadeia envolvendo o hip hop, a eletrónica e tudo o que abalroaram entre ambos vai então voltar a apresentar um álbum de originais no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém. Falta saber se esse álbum será mais um Orelha Negra para a coleção e falta também saber quando é que ele nos chegará efetivamente às mãos. Uma coisa está prometida por parte deste que é um grupo como qualquer outro, que vem enriquecendo a música nacional desde 2009 e que certamente a enriquecerá por muito mais tempo: só nos chegará aos ouvidos a 16 de janeiro de 2016 e só se marcarmos presença na jornada desse dia do ciclo CCBeat, que servirá exclusivamente para o dar a conhecer, na íntegra, ao vivo. Até lá, nem um pio.
Não sei o que aí vem, mas sei que vai ser bom.